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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Era uma vez...


Era uma vez o ano de 1935, 1940, 1950, algo em torno disso. Nesses anos, dona Alda teve seus quatro filhos: Lendina, Helenita e os gêmeos Claro e Escuro (apelido carinhoso da família, pois um nasceu loirinho e outro moreninho). Alda, apesar de ter sido abandonada pelo marido amava muito seus filhos e continuou a vida por causa deles. Se dependesse dela, ela preferia morrer, já que foi largada como animal, sem comida, sem água e sem um lar confortável pelo pai dessas crianças.

Alda agradecia a Deus todos os dias, sempre que olhava para suas crianças saudáveis. Agradecia a Deus por ter superado os piores momentos de sua vida e por ter seus filhos unidos. As meninas brincavam juntas e cuidavam dos gêmeos. Para Alda, poderia faltar dinheiro, poderia faltar comida, poderia faltar uma cama, mas não poderia faltar aquele calor humano entre os irmãos. “Coisas materiais a gente perde e arranja um jeito, mas amor de família a gente tem que manter sempre vivo”.

Nem sempre Alda, nem sempre.

Se existe uma coisa que não deve acabar nunca é o puro amor de uma criança, que geralmente não pede nada em troca. Mas Lendina, Helenita, Claro e Escuro cresceram. Lendina e Helenita ainda se amavam muito, lá pelos 20 anos de idade, quando Helenita teve sua segunda filha e esta virou afilhada da Lendina.

Ninguém sabia, mas Claro sabia. Assim como a mãe, ele preferia morrer do que ver sua família desunida. E assim foi feito. Dos quatro irmãos, ele foi o primeiro a morrer, em um acidente.

Alda superou mais esta perda, afinal, Alda ainda tinha três filhos e a vida deveria continuar.

Anos depois, por dinheiro, aconteceu uma briga muito f

eia entre Lendina, Helenita e Escuro. Tudo às escondidas de Alda, que velhinha, não poderia compreender o ódio que nasceu entre seus três filhos vivos.

Mas o corpo de Alda percebeu, mesmo que ninguém tenha contado a ela seu coração começou a bater mais devagar. Mesmo que ninguém tenha falado sobre o assunto com ela seu coração começou a chorar. Alda não poderia suportar, seus filhos se amavam tanto! Claro tinha ido para o outro lado da vida, por que os três que ainda estavam com ela tinham que se odiar tanto? Eles eram tão unidos...

Porém, Alda logo se foi. Deixou a vida sem conseguir o perdão entre seus filhos.

Nem sempre há perdão Alda, nem sempre.

Era uma vez quatro crianças de Alda. Elas não existem mais. Um se foi e as outras três cresceram. Era uma vez o amor entre elas.

*Nomes de mentira, história (e foto) de verdade.

2 comentários:

  1. Só um detalhe, Alda não foi abandonada pelo marido, ela o abandonou após penar muito com ele...

    E viva o amor verdadeiro da família de Alda!

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  2. Que desfecho triste. Mas como dizia o poeta "Que seja eterno enquanto dure". O amor de Alda foi assim.
    beijos

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